QUEM SOU EU 2

QUEM  SOU EU  1?

Eu trago uma marca atávica

Como uma cicatriz da História,
Desde os seus  fios  primordiais,
Antes mesmo, talvez,
Que todo esse progresso  chegasse.

Dou trabalho, reconheço,
No bom e no mau sentido.
No aspecto menos feliz,
Basta-me tão só declarar
O subofício que exerço.

Mas, a partir  da taramela
E do ferrolho,  estou  gerando empregos
Cuido de  levar levas e levas de pessoas,
Avaras sem dizer sequer “muito obrigado”.

Graças a mim
Quantas portas se fazem
Num mundo feito de casas,
Cada vez mais fechadas.

Quanto e como evoluíram
Carpintaria e marcenaria,
Quantas e quantas fábricas de pregos,
De vernizes e tintas,
De batentes e fechaduras
Não se fabricam por minha causa!

Nas travas de segurança dos carros,
O quanto não se ocupam em pesquisas
Cuja pretensa perfeição me é um desafio!
Assim procedo e prossigo

Sem apoio governamental,
Assim só, sempre só
Na raça e no peito
Contra todo um arsenal.

Qual o destino das seguradoras
Sem minha ação real e imaginária.?..
Certamente seriam pouquíssimos segurados
E, por consequência Ínfimo o número dos securitários.

Ah ! não fossem as minhas ações
Na calada das noites, nas madrugadas,
As ruas não contariam com guardas ou sentinelas...
Quantas e quantas bocas não são alimentadas
Pela minha ação renegada:
Policiais, carcereiros, escrivães,
Agentes  penitenciários,
Seguranças bem ou mal pagos,
Promotes, juízes, desembargadores,
Sem contar os advogados,
A quantos beneficio!
Gente que nem conheço...

No entanto vejo que do mal  praticado
Há um bem como resultado
E por ele não ouso
Esperar reconhecimento ou gratidão.
Mas basta pensar em quanto,
A pretexto de minha existência ativa,
O quanto a economia se movimenta.

Sempre estive. Sempre estarei presente.
Até mesmo na cruz ao lado do Mestre,
Não por acaso,
Lá partilhei de um martírio insano,
Donde fiz escalada para o paraíso
Como me prometera o Redentor do mundo.

Não faço, contudo, apologia dos meus afazeres,
Nem quero ser como aquele colega,
Ao lado do Filho de Deus
Que quis prova de poder e assim se fez blasfemo.

Por último bem causado,
Por conta de meus atos
Tantas e tantas orações sobem aos céus
Em função do medo a exigir a fé.
Eu sou o Bom Ladrão,
Que apesar de maldito entre os homens
Tem seu lugar no que a sociedade tem de fundamental:
A  economia  que se fez no eixo
De um mundo onde até entre os ladrões
Existem alguns mais iguais.!


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