CONVITE PARA A PLENITUDE
Geraldo Peres Generoso - escritor e jornalista brasileiro. |
A estas horas da madrugada, aqui no meu país, o Brasil, costumo sair pelo mundo, como um fantasma de pijama, a visitar tantas e tantas pessoas, de tantos países.
Nunca saberei o nome nem adivinho as feições de tantos amigos, de tantos lugares, que me alcançam a um simples click do mause.
Que você que me lê agora, não se sinta solitário, sem voz que lhe diga do valor de sua vida para o mundo e para Quem o criou.
Quem lhe diz isto é um ancião, entrado nos 70 anos de idade, ontem, dia 19 de julho, completados neste plano terreno, vinculado a um veículo carnal, que se defronta com as mesmas alegrias e as mesmas dores que você, em qualquer lugar deste mundo.
Conversar é preciso, ainda que não exato, como a palavra "preciso", em que Fernando Pessoa sugere que "navegar não é preciso", porque sempre pode ser incerto, impreciso, em que o domínio sobre a nau pode nos faltar habilidade ou sorte para ir avante em nossas viagens, pelos muitos mares desta vida.
Mas ainda assim, com precisão ou imprecisão, o importante é conversar. E não só falar, mas também ouvir, escutar com o coração atento o que vai pela alma de tantas pessoas que me dão a honra de comigo estar nestas manhãs, ainda a manter escondidas nas suas turvas mãos o sol que se oculta da minha pequena cidade de Ipaussu, Brasil.
Como você, internauta querido, muitas vezes me deparo com lutas de dimensões aparentemente insuperáveis.
Para meu consolo ou lamento, infelizmente, não sou o único a ter diante de si, em alguns momentos - que sempre me parecem tão longos - os desafios próprios da existência humana que desfruto.
Aí a gente lança os olhos da mente para as lutas passadas. Todas elas sepultadas e já feitas em cinzas, em nosso passado. O tempo foi o nosso aliado. Vencemos, ou o desafio morreu por si mesmo. Restaram as experiências. E a principal deveria ser a certeza de que TUDO PASSA.
O próprio gozo, os momentos felizes e festivos, também, felizmente, passaram. Pois assim não fosse e estaríamos enfadados deles. Nós somos uma espécie complicada. Como seres humanos somos sempre afeitos a nos fazermos infelizes por nossas própria conta e risco.
E há situações em nosso viver que, sinceramente, chegamos a pensar que melhor seria não existir, ser um nada (inimaginável), mais inerte do que uma pedra e nos embeber de um silêncio eterno.
Não é estranho que isto possa lhe ter acontecido. Ou você tenha presenciado, e lamentado, pela sorte de alguma pessoa amiga, ao vê-la atravessar, sozinha por uma terrível tempestade, sem proximidade de abrigo, sem esperanção de que o temporal se aplacasse, sem nada esperar nem do céu e nem da terra.
Fica evidente, pois, que esse script, esse roteiro, que não apenas lemos, mas sofremos na carne, é universal, é inevitável, é fatal na vida de cada um de nós.
E aí, em nossa ilusãoo de apenas nos apegar ao que vemos e sentimos: nosso corpo visto pelo espelho ou sentido por nossa mente, nos parece ser o ator nesse drama escrito por não se sabe quem. É provável até, por nossa limitação humana, o desejarmos sair desse "cenário" para deixar de ser essa personagem, vítima de tanta aflição, desespero, solidão e fraqueza diante do nosso próprio existir.
Na verdade, tudo isso é compreensível. Nossa própria vida nos obriga a compreender que as fraquezas humanas são presentes, em nós e nos outros e em todos, mas há várias luzes no fim do túnel.
Para enxergar a luz é preciso abrir os olhos. Do contrário o túnel permanecerá na escuridão. E os olhos a que me refiro, são os olhos da alma, do Espírito que nos habita e que nos permite mover e não deixar decompor, enquanto encarnados, este limitado veículo terreno.
Suponho ser muito cômodo o desejo de morrer. E, na verdade, quando isto ocorre a alguém, o seu desejo é "matar" tudo o que existe ao seu redor ou em sua imaginação.
Mas esta não seria, jamais, uma solução. Já não basta que desencarnar é inevitável, a mim e a você e a todos os terráqueos?
Um falecido não reclama, mas também não sorri mais. Desaparece fisicamente. Mas não resta algo em mim e em você que está em mim e em você enquanto nos sentimos vivos e que não existe mais se estivermos mortos?
É essa a diferença que deve contar, quando o desespero atrevido bater às portas de sua mente. Não. Eu não sou este feixe de células, diga-se de passagem, desta arquitetura surpreendente que é o corpo, mas que não sou Eu, e também em você não é Você.
E o que faz o milagre de estarmos vivos? É esse vazio aparente que está em nosso corpo efêmero, sujeito a uma experiência que voa junto com o tempo de nossa vida.
Apalpemos a alma. Talvez ela fique perto do coração, mesmo quando ele dói nas provas a que estamos sujeitos. Ouçamos nosso interior, nosso Eu mesmo, nossa parte invisível, que é aquela principal e que tratamos com tão pouco caso.
So o corpo, que é matéria. Que se definha com o tempo e depois se decompõe com a vinda da morte, é algo tão espantoso e tão fantástico, o que dizer sobre o que é a Nossa Alma, o Nosso Espírito, e do qual Cristo nos adverte de que TODOS SOMOS UM? E com que habilidade e digno dos maiores louvores deve ser o privilégio de Deus compartilhar conosco a Sua própria Vida, quando somos ensinados que somos parte, não só da criação, mas parte legítima e eterna do CRIADOR.
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