SOB A SOMBRA DO ALTÍSSIMO



Vivo a sondar-Te por esta
Pequena fresta de eternidade
Feita de dias e noites tão breves!
E Te imagino acima de todas as dimensões,
Quer de festejos ou lutos,
Além muito além de todas as medidas
E acima de todas as concepções
Que nascem e morrem nesta e noutras vidas.
Sinto-Te no orvalho cristalino, e na madrugada que o distila,
Em suaves gotas, sobre a verde relva de cada amanhecer...
Escuto-Te no pássaro que gorjeia, no limoeiro, ao pé desta janela
Onde o verão vem ao dia de sol acender..
Vejo-Te na criança no manejo de uma bola.
Vejo-Te no céu, na terra, em toda parte,
Sem ousar entender como de fato és!
Só sei que Te situas muito adiante da imaginação que cria a própria arte;
Não te imagino, sequer como um poder,
Pois seria compará-lo a atributos cegos
De forças sabidamente transitórias...
Não! Estás acima do poder
Numa dimensão humanamente ignorada;
Seria blasfêmia comparar a Tua força
Até mesmo com o poder nuclear.
Olhando para o infinito , se Te contemplo me extasio,
Por Te disfarçares no próprio Nada,
Para não nos matar de espanto e temor.
Ocultas-Te no recôndito de cada coração,
E Te disfarças num simples gesto de amor.

GERALDO GENEROSO

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