ODE AO MEU CÃO

ODE AO MEU CÃO
Geraldo Generoso 
Porque não sou o céu no infinito aberto
Nem sou deserto,  em seus caminhos sem termos, 
Não posso me isentar do vício da posse,
Da busca do espaço, do calor de um abraço,
Da sensação do “meu” e do “nosso”.

Porque não sou o mar de águas tantas,
Que pode esparzir gotas e espumas sem limites,
É que a dor da solidão,
Ainda que a dois
Tanto me dói,
A corroer  todos os meus motivos;
A arredar todas as minhas metas,
A matar o “eu mesmo” neste “não ser” forçado.

Sinto quase a sensação de abandono,
E bendigo o sono
Que me faz imergir
No meu nada que resta,
Nesta
Pequena fresta
Que vejo surgir
Dos olhos de meu cão de quem sou dono:
De quem sinto companhia,
A quem posso  falar
A qualquer hora do dia e que ele,
Mesmo sem o dom da fala,
Jamais se cala,
No simples  abanar um toco de cauda
A ensinar-me que não   sou só
Porque  me resta um amigo.




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