SALVE TIMBURI, A JANELA DO POENTE

De longa data o Município de Timburi tem em 24 de  outubro uma de suas efemérides mais importantes, a par com a data de   3 de maio, que assinala o Dia da Santa Cruz.
              Foi sob a senha e a sombra da cruz que Timburi, ainda em seu nascedouro, recebeu o nome de Santa Cruz do Palmital, tendo sido também chamada de Paraíso e, primeiramente, Retiro. Todos aqueles que lá nasceram  viveram,  e depois tomaram caminhos em direções diversas, sempre experimentam uma enorme saudade, como este escriba que nasceu junto com a emancipação da cidade e, quis o destino, que de lá saísse um dia, sem saber talvez que traria sempre no peito as imagens da terra e da gente timburiense. Esta saudade se mistura com um orgulho sempre presente  de, transcorridos tantos anos, continuar a entender o idioma da gente de Timburi. Assuntos não faltam quando aqui aportavam os irmãos Minozzi – Maurício, Ademir e a irmã,  dedicados amigos que não perdem nosso endereço. E assim outros que lá viveram e adotaram aquela terra e aqueles céus de placidez inaudita, hão de levar nas retinas a imagem da beleza e singeleza que só Timburi sabe ter.

 

Ciclo do Café

Nesse áureo tempo, fervilhavam nos carreadores das fazendas, levas e levas de colonos, numa comunhão de trabalho e camaradagem. As rodas dos carroções sulcavam as estradas de terra boa, ao figurino de Pero Vaz de Caminha, “onde em se plantando, tudo dá”. Sempre, em setembro, vinha o término das colheitas com grande festa. Sob os galpões aconteciam os bailes, regados a anizete.  As cantorias eram freqüentes, com uma trégua para recomeço das atividades, já que o café é uma cultura que exige mão de obra o ano inteiro. Quanto suor derramado. Quanto sono interrompido nas madrugadas, trocando o leito pelo eito.
 Por esse tempo, juntamente com amigos cujo nome ainda guardo, como o meu querido conterrâneo José Messias ( o compadre Messias da Rádio), a Ninica, o Nino do violão, o Fernando Rocha ( e tantos outros) a certeza de que a gente era feliz e sabia por que. Passada a febre do ouro verde, cujo produto era de primeira qualidade, produzido em abundância pelas fazendas Sta.Elisa, Sta.Rosa, Conceição, São Francisco etc. outros setores produtos surgiram, ditados pelo mercado, e o Município continuou belo como sempre. Era pouco esperar, e eis que a orquestra alada  das abelhas e das mamangavas entoavam os seus cânticos de primavera. Todo o cafezal se vestia com branca e olorosa florada. O perfume que se derramava por quilômetros dizia alto e bom som que a vida continuava, com futura colheita a garantir o pão de todos os lares.

 

Um Tempo Novo

Aos poucos foi mudando esse cenário. O café, ainda que ali cultivado até hoje em algumas propriedades, foi cedendo seu lugar a outras atividades, como a criação de gado. A paisagem física e humana vai se delinenando em novos contornos, e Timburi tem tudo para o Turismo. Uma nova história hoje acontece naquela terra. Mas perdura a declaração inequívoca de amor aos que lá vivem e a todos os que a visitam.
Sob o signo da Santa Cruz, que resume o sacrifício e a doação, Timburi prossegue a sua marcha. Segue seu destino de cidade acolhedora na pessoas de suas autoridades e seus simpáticos habitantes – a quem empresta a sua aura mágica. Lá sempre está presente  paz e a beleza de seus sítios e seus céus.
A Santa Cruz é um símbolo sempre vitorioso, que finalmente se transfaz no mistério da própria Ressurreição. Timburi, por estes lustros, tem feito nascer e criar em seu seio diferentes pessoas, oriundas dos lares mais diversos. Muitos desses filhos percorrem mundos longínquos e peregrinam por terras estranhas do chamado Primeiro Mundo. Singram mares desconhecidos e rastreiam terras distantes. Vencem. Alcançam glórias e alguns se fazem capazes em possuir, se o desejarem,  tudo quanto o dinheiro pode comprar. Outros assumem consagrações invejáveis no mundo das artes ou da ciência. Mas o prêmio maior a cada timburiense ausente se resume na alegria do regresso à velha querência. Ao berço pequeno e aconchegante, que constantemente acolhe com um sorriso aos que se achegam ao seu regaço.

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