NOTA DO EDITOR: Neste blog, procuro sempre textos literários e científicos que possam fugir do convencional, mesmo que a autoria pertença a outro, mas sempre zeloso de registrar os créditos de autoria. É o caso presente, em que trago o amigo Polan Lacki, um intelectual de mentalidade prática, com observações muito importantes para o momento presente. Grande abraço do GENEROSO
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Os governos colapsaram e urge fazer algo radicalmente diferente
Polan Lacki
“Quando os remédios não têm suficiente eficácia para curar as enfermidades é necessário curar os remédios, para que curem o enfermo (Padre Vieira - Sermão de Santo Antonio)”.
Agora já não temos outra alternativa que não seja a de ouvir o conselho do Padre Vieira. Os remédios convencionais para curar os males do subdesenvolvimento não podem continuar sendo aplicados pelo elementar motivo de que os governos não os possuem. A ilusão de que o Estado paternalista solucionaria todos os nossos problemas se acabou. No Brasil, os governos – nacional, estaduais e municipais – estão debilitados e fortemente endividados. Os recursos que arrecadam apenas permitem pagar dívidas, juros de empréstimos, salários e aposentadorias. O pouco que sobra é destinado a manter, apenas com vida vegetativa, um aparelho burocrático superdimensionado e quase improdutivo.
É esta insuficiência de recursos públicos a principal razão pela qual os sucessivos governos não solucionam os crescentes problemas da educação, da saúde, da agricultura, da infraestrutura, do saneamento básico, do transporte urbano, da pobreza, das assistências aos deficientes, do combate à delinqüência, etc. Os governantes estão virtualmente paralisados, assistindo passivamente e aceitando como se fosse aceitável a seguinte realidade que já está incorporada ao nosso cotidiano:
a) Os desempregados buscam desesperadamente, mas não conseguem um emprego;
b) Os doentes esperam vários dias por uma consulta médica, semanas por um exame de laboratório, meses ou anos por uma cirurgia; muitos morrem nos corredores dos hospitais antes de preencher a odiosa "ficha de admissão";
c) Crescentes quantidades de pobres "residem" e recolhem papéis nas ruas enquanto os seus filhos estão sendo "educados" no mundo do vício e da delinqüência;
d) Nos aterros sanitários (lixões) os mais famintos estão disputando os restos de comida com ratos e urubus;
e) Os narcotraficantes têm mais poder e melhor armamento que os serviços policiais;
f) Dentro das penitenciárias muitos delinqüentes continuam comandando o crime organizado e promovendo freqüentes rebeliões para reivindicar – e conseguir – que os transfiram para presídios "mais democráticos".
Os governantes, o pouco que fazem – e recém depois de ser fortemente pressionados por denúncias da imprensa ou pelos sindicatos mais agressivos – é "apagar os incêndios mais ruidosos"; porém depois que os ruídos diminuem cessam as ações governamentais, até que ocorra a próxima emergência. Isto está acontecendo porque as crescentes necessidades e aspirações dos cidadãos ultrapassam as decrescentes possibilidades dos debilitados governos em satisfazê-las.
Para piorar ainda mais este quadro de "paralisia" dos serviços públicos, os governos já não podem reforçar os seus orçamentos, através da via, cômoda e simplista, de aumentar o endividamento público e a carga tributária; porque o primeiro já é insuportável para os próprios governos e a segunda já é insuportável para os contribuintes. Em resumo, a capacidade dos governos de resolver os problemas dos cidadãos, através de medidas paternalistas, está esgotada. Esta é uma realidade que não podemos continuar fingindo que não existe ou que não a conhecemos, pois ela, além de evidente é crescente; para confirmá-la basta sair à rua, ver as longas filas nos colapsados serviços públicos ou assistir os noticiários da televisão.
Com os recursos poupados neste "enxugamento" deveremos fazer um investimento, sério e absolutamente prioritário, no desenvolvimento das capacidades e competências da nossa população. Os próprios cidadãos – os que estão causando os problemas e os que estão sendo afetados por eles – terão que ser convocados, formados e capacitados para assumir, individualmente e/ou através de grupos organizados, uma crescente parcela de responsabilidade na correção dos erros que eles involuntariamente estão cometendo e na solução dos seus próprios problemas. Com este objetivo em mente, o obsoleto Estado perpetuador de dependências deverá transformar-se em um Estado educador, "empoderador" dos cidadãos e emancipador das dependências que eles atualmente têm dos governos. Nas atuais circunstâncias de "paralisia" e impotência dos serviços públicos, compartilhar responsabilidades entre o Estado e os cidadãos é uma proposta que vale a pena discutir e construir.
Críticas e contribuições a esta proposta serão bem-vindas através dos e-mails:
Outros artigos do autor estão disponíveis nas Páginas Web;
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