NÃO ACREDITE EM TUDO QUE LER

O presente texto é espontâneo, não foi precedido em rascunho, e apresento-o ao feitio daquela pergunta do facebook (no que você está pensando agora?). Puxa vida, o volume de informações atualmente está inflado. A tendência é crescer ainda mais. Deus nos acuda. Cruz credo, Ave Maria, Pé de Pato. E se a pessoa, seja telespectador ou internauta ou mesmo simples leitor, precisa de uma advertência - a cada minuto - não acredite em tudo o que ler. Nem mesmo no que ver. Hoje, até mesmo quando vê, o indivíduo precisa ficar de orelha em pé.

Sempre pulularam nos veículos de informação essas histórias de fim de mundo. Diabo, satã, almas penadas e um sem-número de fantasmas. Notícias que se juntam àquelas concretas, de despejos de famílias, com crianças e tudo, no Pinheirinho. Crimes perpetrados por insanos, loucos que deixam vagos os hospícios, onde ali mesmo ainda seriam perigosos. E não bastasse essa realidade, ainda surgem os anunciadores do satanismo da Nova Era, do Juízo Final, de um Deus irado, louco para se vingar das patifarias humanas !

E sempre vai haver plateia e ouvintes para essas notas. Como se não bastassem aquelas de carne osso, de sangue e dor que jorram pelas telas e pelas folhas dos jornais. Quanto sofri em minha infância, apesar da pouca informação própria do meio rural onde vivia, pelos anúncios do fim do mundo; das penas do inferno; do purgatório, que não era lá um lugar aprazível, como os verdes campos, cheio de olores do café em flor, da minha querida Fazenda Santa Rosa.

Não prego a descrença, de forma alguma. Antes de tudo, sou um místico por natureza. Místico no sentido de que acredito, não num Poder Maior, mas Único, no Universo. Até quando esses maus agourentos irão ferretear a ingenuidade pública, como abutres por sobre a carne de tantos indefesos, antes mesmo que morram de medo por patacoadas que semeiam em todos os canais de informação?

Tudo conspira, neste mundo, para que as pessoas sepultem o Agora, o momento presente, onde um Poder está agindo a cada átimo (átimo é uma fração de segundo). Eu era ainda menino. Até não cheguei a viver esse tempo, mas apenas ouvi de meus pais e parentes, sobre um campeiro da fazenda que veio a ficar insano. Para usar uma palavra nua e crua: ele ficou louco.

Surgiram versões diversas sobre o porquê Amânsio (nome fictício) veio a perder por completo a razão.  Uns diziam que foi porque se apaixonou por uma moça vizinha. Outros, que ele tomava um tipo de cognaque que diziam enlouquecer. E, por último, até disseram que ele andou lendo o famoso livro de São Cypriano.

Desnudava-se por completo, subia no telhado da casa alta da fazenda e não havia homem, nem  em dois ou três, que pudessem medir força com ele para vesti-lo e contê-lo. A única pessoa que ele obedecia era o administrador da fazenda, Manuel Fontes, cujo nome ele até esquecera, e só chamava de "meu senhor".  Esse homem era meu avô. Não era nem nunca foi curador ou benzedor. Simplesmente tinha, como poucas pessoas que conheci, uma forte voz de comando.

Assim que Amânsio começava a fazer suas estrepolias, recorriam ao Seu Fontes. Bastava um olhar para que o doido obedecesse. Seu "senhor" fazia-o vestir as roupas e amarrava-o para que não agredisse outras pessoas, pois ficava deveras furioso. Pois bem. Diziam os "videntes" que viam bolas de fogo caírem sobre a casa onde Amânsio dormia. Outros falavam até de lobisomens que passeavam pelo quintal onde ficava o seu aposento.

Por não haver outro jeito, Manoel Fontes o levou, em pessoa até o famoso hospício do Juqueri, na época um dos poucos ou talvez mesmo o único. Lá Amânsio foi tratado com medicamentos, permaneceu não sei por quanto tempo. Até que saiu curado por completo. Casou-se e, a primeira pessoa que ele foi visitar foi o "seu" antigo senhor, sem aparentar qualquer sinal de insanidade.

Chegou a comprar um sítio no Paraná, onde formou café e ressuscitou da loucura para a razão. Sempre me acode essa história, verídica e muitos que ainda vivem dela se lembra, onde a medicina, mais especificamente a psiquiatria, resolveu um problema aparentemente insolúvel.

Portanto, todos os recursos com que contamos hoje, na verdade não nos surpreendem os milagres. Admitimos que tudo procede do Invisível, e a ciência arranca do nada tantas coisas que nos surpreendem e, como os mistérios de Deus e da Natureza, não são passíveis de explicações. Vamos espantar nossos fantasmas, descomplicar a vida e seguir em frente.

Vivamos o AGORA sagrado, o único momento que é nosso. Viver o passado (a não ser como ilustração) é alimentar-se de despojos inservíveis. Viver o futuro é emitir um cheque sem fundo sobre horas que não nos pertencem.

Geraldo Generoso
 

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