Na pacata cidadezinha onde nasceu, Zeca era um tipo inconfundível. Alto e magro como um pinheiro, cabeça raspada, barba sempre bem feita. Desde criança o seu sonho era ser violeiro, mas as posses poucas não lhe permitiam comprar o sonhado instrumento. Zeca compensava a falta da viola emitindo lindos ponteados com a boca, numa imitação impecável em notas, tons e acordes.
A tal ponto se esmerou nessa arte que fazia de costume um acompanhamento vocal, imitando violas e violões nos forrós de Seu Azeitona sanfoneiro, com exímia perfeição. Foi justamente num desses bailes que aconteceu este caso real. O baileia animado. Forrozão da pesada. Garrafas de pinga rolando soltas pelo salão.
Lá estava Zeca em seu posto, a executar com a boca os tinidos de uma viola imaginária.
Damas e cavalheiros dançando alegremente... Zeca, que havia jantado bastante, e ainda por cima comido uma boa salada de pepino e abusado um pouco da cachaça, de repente suspendeu sua função de violeiro oral e saiu em desabalada carreira para o quintal, onde se acomodou de cócoras sob uma bananeira. Ali pensou poder aliviar-se daquela terrível e inesperada dor de barriga.
Damas e cavalheiros dançando alegremente... Zeca, que havia jantado bastante, e ainda por cima comido uma boa salada de pepino e abusado um pouco da cachaça, de repente suspendeu sua função de violeiro oral e saiu em desabalada carreira para o quintal, onde se acomodou de cócoras sob uma bananeira. Ali pensou poder aliviar-se daquela terrível e inesperada dor de barriga.
Metros abaixo permanecia um casal de namorados trocando juras sem palavras. Uma nuvem que filtrava o luar de repente desnudou a lua e clareou todas aquelas cercanias. Zeca,aliviado dos intestinos, mas por conta do imprevisto, não dispondo de papel à mão, tomou de um lenço branco para efetuar a higiene exigida.
O dois namorados, mutuamente embevecidos, só deram conta de que Zeca estava sob a bananeira, naquele gesto vulgar, insólito, mas necessário a todo vivente, no momento em que o “violeiro” se dava ao trabalho de limpar-se, precedido de sucessivas emissões de gases do ventre, a quebrar o silêncio do pomar, em flagrante contraste com o perfume das damas da noite perfiladas além do laranjal.
Gertrudes, a namorada, virou-se para Gersino, que a custo continha o riso e disse:
- Coitado do Zeca, bem. Ele está limpando a boca da viola. Gersino concluiu sem pestanejar:
- Coitado do Zeca, bem. Ele está limpando a boca da viola. Gersino concluiu sem pestanejar:
- Não, Gertrudes, pelo jeito, agora o Zeca acabou de limpar a boca do trombone.
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