Entendemos por que a Germânia amada
Houveram por deixar, os imigrantes
Alemães ao Brasil, em debandada;
Antes de partir, por certo, antes
Doeu-lhes o pensar na retirada
Rumo a terras e mares tão distantes!
Mas o solo era pouco e grande estava
A crise que então lá se passava.
Lavrador alemão com terra escassa,
Mesmo que o clima lhe fosse a favor,
Malgrado todo esforço e raça
Resultados não havia no labor,
Senão a penúria que humilha e espicaça
A quem derrama no trabalho o suor.
Só restou a opção de outro país buscar
E em outro mundo viver e prosperar.
Campo e cidade em situação igual:
Sem o que fazer, lavrador e artesão,
Porque a Revolução Industrial
Pôs à margem o alfaiate e o tecelão,
Mudando assim a condição social
Para uma ainda por condição:
Desemprego no campo e na cidade,
Na forçosa e mais dura ociosidade.
Só restava sonhar com o Novo Mundo,
Onde o Brasil já era emancipado,
Onde a terra abundava e o chão fecundo
Era pronto a dar frutos, se plantado,
Mesmo ante a saudade a doer fundo
Só restava deixar o solo amado.
Desafiando a distância e a tempestade
À brava alma alemã deter, quem há de?
Expulsa do Brasil a tropa portuguesa,
No ano vinte e três de mil e oitocentos,
Com D.Pedro esposado à arquiduquesa
D’Áustria, Leopoldina, ouviu intentos,
Da então imperatriz quanto à defesa
Em soldados trazer aos regimentos.
Indicou a Alemanha como fonte
De imigração abrindo-se o horizonte.
O Brasil foi buscar o braço forte
E o peito varonil, sempre valente
Do alemão que desafiando a morte
E é duro no trabalho e persistente,
Trouxe a bordo soldados de alto porte
E braços à lavoura incipiente.
Nova Friburgo abriu-se ao alemão
Que trouxe ao Brasil trabalho e proteção.
Ao Major Shaefer cabe referência
E a Nação brasileira é agradecida
Pela organização e competência
Para com a imigração então havida
Ao Brasil, em sua ainda inflorescência,
Da Alemanha a nos trazer vida.
Chegou aqui sã e salva a brava gente
Alemã que aqui se fez presente.
A bordo do Argus no dia vinte e sete
De julho do ano de vinte e três
Do século dezenove se arremete
Ao mar com a conhecida altivez.
Com dura tempestade então compete,
Atracando em Texel, porto holandês
Faz pausa para a viagem ir avante
Pois o alemão só sabe é ir pra diante.
Em setembro, a dez, prossegue a nau,
Mas em Wight, na Holanda ainda
Obriga-se ao refúgio a um vendaval
Porém a garra alemã jamais se finda,
Depois de quinze dias no local
Segue o veleiro e outras águas deslinda,
Vem outro furacão que ao mar desmaia
E os alemães ancoram em Biscaia.
De Tenerife, em novembro, saiu
Para no outro ano atracar no Rio.
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