OS PIONEIROS ALEMÃES


Nota: Este poema tem um tom épico, considero-o extenso, mas retrata a imigração alemã para o Brasil. Mormente nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, há fortes indícios da colonização germânica. Um Brasil diferente, mais cultivador das tradições e também mais cultuadores dos valores da tradição. Este blog  - alfarrábios do generoso - depois de leitores brasileiros, conta com grande número de leitores alemães, e isto me deixa muito feliz e até orgulhoso. Esta, pois, é uma homenagem aos germânicos, de quem se diz serem perfeccionistas e de grande energia em seus empreendimentos. Parabéns ao povo irmão e viva a Alemanha, celeiro de tantos homens sábios, ilustres e empreendedores.


Entendemos por que a Germânia  amada

Houveram por deixar, os imigrantes

Alemães ao Brasil, em debandada;

Antes de partir, por certo, antes

Doeu-lhes o pensar na retirada

Rumo a terras e mares tão distantes!

Mas o solo era pouco e grande estava

A crise que então lá se passava.





Lavrador alemão com terra escassa,

Mesmo que o clima lhe fosse a favor,

Malgrado todo esforço e raça

Resultados não havia no labor,

Senão a penúria que humilha e espicaça

A quem derrama no trabalho o suor.

Só restou a opção de outro país buscar

E em outro mundo viver e prosperar.





Campo e cidade em situação igual:

Sem o que fazer, lavrador e artesão,

Porque a Revolução Industrial

Pôs à margem o alfaiate e o tecelão,

Mudando assim a condição social

Para uma ainda por condição:

Desemprego no campo e na cidade,

Na forçosa e mais dura ociosidade.





Só restava sonhar com o Novo Mundo,

Onde o Brasil já era emancipado,

Onde a terra abundava e o chão fecundo

Era pronto a dar frutos, se plantado,

Mesmo ante a saudade a doer fundo

Só restava deixar o solo amado.

Desafiando a distância e a tempestade

À brava alma alemã deter, quem há de?





Expulsa do Brasil a tropa portuguesa,

No ano vinte e três de mil e oitocentos,

Com D.Pedro esposado à arquiduquesa

D’Áustria, Leopoldina, ouviu intentos,

Da então  imperatriz quanto à defesa

Em soldados trazer aos  regimentos.

Indicou a Alemanha como fonte

De imigração abrindo-se o horizonte.



O Brasil foi buscar o braço forte

E o peito varonil, sempre valente

Do alemão que desafiando a morte

E é duro no trabalho e persistente,

Trouxe a bordo soldados de alto porte

E braços à lavoura incipiente.

Nova Friburgo abriu-se ao alemão

Que trouxe ao Brasil trabalho e proteção.



Ao Major Shaefer cabe referência

E a Nação brasileira é agradecida

Pela organização e competência

Para com a imigração então  havida

                                           Ao Brasil, em sua ainda inflorescência,

Da Alemanha a nos trazer vida.

Chegou aqui  sã e salva a brava gente

Alemã que aqui se fez presente.



A bordo do Argus no dia vinte e sete

De julho do ano de vinte e três

Do século dezenove se arremete

Ao mar com a conhecida altivez.

Com dura tempestade então compete,

Atracando em Texel, porto holandês

Faz pausa para a viagem ir avante

Pois o alemão só sabe é ir  pra diante.



Em setembro, a dez, prossegue a nau,

Mas em Wight, na Holanda ainda

Obriga-se ao refúgio a um vendaval

Porém a garra alemã jamais se finda,

Depois de quinze dias no local

Segue o veleiro e outras águas deslinda,

Vem outro furacão que ao mar desmaia

E os alemães ancoram em Biscaia.

De Tenerife,  em novembro,  saiu

Para no outro ano atracar no Rio.

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