PRIMEIRA ESPERANÇA

Se a esperança, de ti, fugitiva, algum dia,
As asas debater, vôos de exílio alçando,
Não desesperes, firme, caminhando,
Continue os teus passos pela ardente estria.

Se lágrimas de dor  teu rosto vier banhar
 E, solitária a angústia tentar te abater,            
  Lembra-te que é prenúncio de maior prazer      
Quando uma dor qualquer vier te visitar.
Não fujas ao fracasso. Ao desânimo vença,
Fiel à tua coragem de bom senso feita;
N'alma dos fortes, as raízes deita
A fé profunda transformada em crença.
                         A um forte o tropeço apenas representa             
Razão da própria luta em que se debate,
São a parte integrante e melhor do combate
É bússola que rumos novos orienta.
Seja sempre o perdão a rútila armadura
Com que te hás de cobrir em tua luta empenhado;
Seja a fé tua bengala, o amor, o teu cajado
Seja a  esperança a estrela na  tua noite escura.
Um sorriso feliz erga n’alma por lança,
A qual hás de empunhar se alguma dor pungente
Na estrada te assaltar inesperadamente
Para te arrebatar a última esperança!
Seja a benevolência o teu maior remédio
 A pensar-te as feridas do aparente mal;     
Seja o teu habitat o mundo natural       
 Onde não existem ninhos para o tédio.
Faze  da tua alegria a doce companheira
Que Deus te deu e, do ânimo, o teu malho;
 Siga com fé ardente o teu árduo trabalho,
N’alma encerrando ao fundo a esperança primeira.

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