ANTES DE JOGAR A BÍBLIA FORA

Tenho sempre ressalvado aos prezados (as) internautas, um especial cuidado em não fazer desta página uma apologia a qualquer sistema religioso ou político, de forma a arregimentar adeptos ou, pior ainda, ferir a sensibilidade de pessoas que têm o direito de pensar diferentemente, ou até ao oposto do que aqui escrevo.

          Tacitamente, desejo que o leitor entenda de forma clara que, em caso de qualquer contradição - que a seu ver eu incorra, favoreça-me com seu comentário. A soma dos contrários sempre acrescenta, porque, como se diz e com grande acerto: "ninguém sozinho é dono da verdade".

         Trago a lume, nesta  oportunidade, o relato sobre uma pergunta que me foi formulada, por uma pessoa (cujo anonimato resguardo, como de minha praxe) a respeito de uma decisão espiritual que intentava tomar.
          Disse ela:
        - Não me sinto bem no catolicismo. Não me dou bem no meio evangélico. No espiritismo também não me encontro. O que me sugere fazer? Você pode me indicar uma religião aonde eu possa encontrar conforto, alívio, esperança e tudo quanto se espera de uma denominação religiosa.
 
        Nunca me arvorei em mestre sobre coisas da espiritualidade. Sou nada mais que um simples estudante, ao longo de meio século, contudo acho ainda muito pouco tempo - considerada a eterniade - para poder falar de cátedra sobre tal assunto que, diga-se passagem, queiramos ou não, é individualmente intransferível.

      Pelo fato de ler nos olhos dessa criatura toda a sua confusão  um sinal positivo, pois quem se confunde é porque está a pensar. No caso, essa pessoa estava tão somente a revirar o seu caos anterior na tentativa de ordenar suas ideias, concepções e planos relativos à sua própria Alma.

     Curioso também é constatar que tais pessoas indagadoras, no fundo, elas presumem existir alguém que possa responder às suas próprias indagações íntimas. Tal ilusão é muito comum, apesar de se revelar inquietante. O indivíduo fica a saltar de galho em galho e no fim acaba descendo da árvore.

    Quando me ocorreu esse inesperado desafio, coincidentemente eu estava a ler a bíblia judaico-cristã.  Na ocasião, meditava sobre a imparcialidade dos textos sagrados, com seus registros até mesmo de atos comuns da própria vida; de quedas espetacularmente lamentáveis de grandes personagens do Antigo e do Novo Testamento.

    A Bíblia revela, a quem quiser lê-la, uma fonte não só de sabedoria, mas um repositório de lições realistas, sem fantasias, como soe acontecer com as religiões de outros povos, onde prevalece o mito, o impoderável, o impossível.

    Embora não seja bem vinda uma contrapergunta a quem nos indaga sobre qualquer assunto, usei desse expediente para com aquela alma em tensão, ávida por abrir a cortina em que se oculta a verdade, ou verdades sobre a vida e a melhor forma de exercê-la.

    O diálogo foi mais ou menos assim, entre mim e o (a) interlocutor(a)?
    - Por acaso, você já leu a Bíblia ?

    - Li algumas partes. Sinceramente não encontrei resposta a muitas de minhas perguntas íntimas. Encontrei muitos relatos mitológicos e sem sentido. Às vezes até absurdos e inacreditáveis - respondeu a pessoa em questão. E arrematou: por acaso você vai me mandar ler a Bíblia?

     - Não mando em ninguém. Nem sequer em mim, porque a hora que acabar o ar, e eu ficar fora do ar, vou descer o corpo para a terra como qualquer mortal. Apenas sugiro que você dê mais uma chance a você mesma, lendo com atenção e sensibilidade o que a Bíblia propõe. Você concluirá que é um livro que serve até para os ateus, como os redigidos pelo sábio Salomão, que são o livro de Provérbios e o Eclesiastes.

      O que ocorre é o fato de muitos buscadores não conseguem se embriagar com as verdades da vida porque não ingerem a dose completa que os capacite a retirar um pouco os olhos sobre a vida cotidiana e vivenciar os ensinamentos registrados nesse livro - o campeão mundial em leitores - com a devida atenção e zelo.

      Inevitavelmente, há passagens - mormente no Velho Testamento - com as quais muitas pessoas encontram dificuldade em assimilar. Oras, é como comer uma fruta, sem necessidade de também comer as sementes da mesma.

     Cada um pode, sem dúvida, absorver para a sua vida pessoal, social e familiar, sem contar o seu próprio enriquecimento espiritual, com tudo o que ali está escrito. Seja cristão de qualquer denominação, seja judeu ou mesmo ateu ou agnóstico, ali tem conteúdo válido, capacitado a expandir as ideias e, num processo de associação, otimizá-las a pleno contento.

      O segredo consiste em beber a taça inteira, com espírito sereno, principalmente sentindo o sabor das palavras ali expostas que, concluo, não fazem média com ninguém. Se alguém quiser escrever um outro livro para concorrer com as ideias bíblicas, para obter credibilidade deve estar no topo da lista por seis mil anos...Não custa tentar...

       
  

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