NADA CAI DO CÉU?

A FORÇA MISTERIOSA   DA ORAÇÃO

Geraldo Generoso

     A vida se nos revela, no dia a dia, tão desafiadora, que não raro a lógica crua pode nos conduzir a tentações disparatadas de raciocínio. 

O pensar é livre. Há até a polêmica sobre o fato de se o simples pensar de forma a colocar em dúvida a fé e a piedade, se constitua ou não na ocorrência do que se chama pecado.

    No eternamente antológico Sermão da Montanha, de Jesus Cristo, quando se fere essa tecla, quer nos parecer que, ainda que não postas  em ação, determinadas tentações da carne podem se igualar a atos ilícitos, praticamente na mesma medida.

   Ao que sugere, há pensamentos que despertam certos sentimentos conducentes a uma reação reprovável perante os desígnios cósmicos, cristãos ou mesmo éticos em termos da consciência do indivíduo.

   Nada obstante, creio haver outros expedientes que, aparentemente inócuos, revelam imprudência na alma dos que os praticam. A maioria de nós somos educados socialmente a entender certas virtudes, aliás muito recomendáveis, mas nem sempre espiritualmente cem por cento corretas.

   Um dos dizeres mais ouvidos é que “NADA CAI DO CÉU”. Literalmente, esse aforismo, em exame mais minucioso, nada contém de absolutamente verdadeiro. Até o Planeta Terra “caiu” do céu. 

O primeiro vagido sobre um berço, inegavelmente nasce de um sopro, literalmente entendido que o Criador “soprou nas narinas o fôlego e daí resulta uma alma vivente”.

 O que tem de puramente terra um corpo humano não o faz vivo. Isto é óbvio demais para exigir mais delongas nesta exposição.

Da terra nada pode cair, porque o que jaz sobre ela subentende-se claramente já estar caído. 

Que o digam os moradores do agreste e dos desertos, o que é o céu fechar suas torneiras sem chuva e sem orvalho.

Pois bem, aqui me esforçarei para neste pequeno ensaio não seja suscitado nenhum mal-entendido. 

Há pessoas cuja religião é o trabalho, a atividade, um hiperlaborismo que acaba por se fazer no próprio sentido da vida de alguns indivíduos. 

Mais ainda nos homens do que nas mulheres, em que pese, em boa hora, a propalada igualdade de gêneros.


     Nada há que possa diminuir o valor do trabalho que, quando bem disciplinado, conjugando braços e cabeças, corpo e alma, aparentemente realiza milagres, e muito bem causam a grande número de pessoas.


     Ocorre, contudo, na vida de cada um de nós, em que há momentos em que se faz mister e indispensável uma pausa, um recolhimento, uma imersão na espiritualidade para que, aí sim, e de fato, milagres aconteçam. Milagres de que estamos aflitamente necessitados.


     Quando tudo parece perdido - e quantas vezes isso não nos ocorre? – somos em tais circunstâncias, instados, por mestres, padres, pastores e amigos a buscar o refúgio da oração, da meditação, da conexão com as Forças Espirituais, que não vemos mas temos noção de que, com certeza, devem existir.


      E aí pode a tentação levantar-se e numa sacudida em seu manto cinzento, lançar sobre nosso íntimo uma dúvida sobre a eficácia desse procedimento místico.


    Parece, erguendo o pretensioso barrete da lógica, nos açoitar com a sugestão de que essa postura espiritual exige tempo, que tempo é dinheiro e que orar implica em estacionar a alma para o mundo, até com a ameaça de que a situação se fará ainda pior.


   Ocorre isto  até com mesmo com pessoas em exercício de liderança religiosa. Só que Oração não é imobilidade.


Pode ser imobilidade física, onde as mãos que mourejam apenas se mantém postas a apontar o Infinito. Mas a partir do momento que a pessoa recorre aos Céus, energias se mobilizam “mais do que nos promete a força humana”.


O Espírito vai adiante, a abrir portas e cancelas. A romper as trevas que insistem em permanecer sobre a nossa vida.


            A luz brilha de ponta a ponta em nossa Alma. Por isso, entendemos que a oração contém em si mesma a palavra AÇÃO. 

              Ação esta que não é nossa, mas que nos alcança e a partir de nós, nessas circunstância, nos prova que nada há que do céu não provenha, já que dele viemos, pelo sopro do Grande Arquiteto do Universo.



2 de agosto de 2014,


0 comentários:

Postar um comentário

Comentários sempre serão bem-vindos!
Para assinar sua mensagem, escolha a opção "Comentar como -Nome/URL-" bastando deixar o campo URL vazio caso você não tenha um endereço na internet. Forte abraço!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...