Segundo fontes credenciadas, o mercado (sempre o mercado) hoje conta com 170 mil vagas para engenheiros. Entraram no Brasil, de pouco tempo a esta parte, 30 mil desses profissionais. Não seria o caso de se estabelecer um muro impeditivo para que trabalhadores de outras partes do mundo aqui aportem e encontrem o seu lugar.
Haja vista o quanto o Brasil deve aos italianos - maioria de imigrantes que substituiu, com sucesso e qualidade de vida, a mão de obra escrava, desmotivada durante e abandonada depois. O intercâmbio entre países, devemos entender, não só se faz em transação de mercadorias e serviços, e ambas as faces da mesma envolvem, inevitavelmente, material humano.
A questão que desejo ferir neste artigo é a dedução de quanto está priorizada a tecnologia, como ciência, a serviço do progresso meramente econômico, em que se coloca em segundo e últimos planos as questões humanas. É claro que por a+b, desde o advento da era industrial, o lucro se foca em técnicas para se fazer mais coisas com menos gente. De preferência descartando seres humanos à altura de uma idade onde poderia ser produtivo, útil à sociedade e até certo ponto profissionalmente realilzado.
O que as estatísticas registram precisa ser levado em conta numa visão política mais abrangente. O senso sobre o lucro não se pode fundar no contrassenso de preterição dos valores humanos e sociais. Haja vista o despejo em massa feito no Bairro Pinheirinho, que a mídia trouxe com todas as letras e imagens para as residências de praticamente todo o Brasil.
A Justiça, fria e implácável, simplesmente desmontou toda uma comunidade em favor de um princípio que não quis relativizar sob nenhuma hipótese: o direito de propriedade. Em nome desse direito, neste País, fez-se até nada menos do que o trabalho escravo e o advento da escratura propriamente dita, nos primórdios de nossa colonização, que se estendeu até 1888. De cujas sequelas ainda a população brasileira como um todo se ressente, e quanto!
Mesmo sem evocar as palavras do Papa João Paulo II, - que a toda propriedade privada pesa uma obrigação social - o Estado, através dos seus 3 Poderes, tanto na esfera estadual quanto federal, foi omisso e irresponsável, ainda que não se possa, em sã consciência, defender ocupações como norma de conduta, de pessoas e grupos.
Tivesse havido, no início das ocupações dos terrenos no Pinheirinho, ex-propriedade de Naji Nahas - de ingrata memória - uma atuação do Estado em ocupar-se de pessoas e famílias, hoje não precisaria enviar a polícia para tirar na marra os que ali se assentaram. Dinheiro o Estado tem. Até para socorrer bancos, como em recorrentes notícias ficamos sabendo que o Banco Pan Americano encontrou amparos econômicos, mesmo em decorrência de constatadas e sucessivas fraudes em seus balanços e em sua contabilidade.
A União e o Estado deveria ter olhos para os conflitos em seus nascedouros. Engenheiros são importantes. Eu próprio, e minha esposa, sacrificamos certos luxos para dar uma faculdade de engenharia ao filho. No entanto, será que o País não carece também, em medida aproximadamente igual, de mais assistentes sociais, sociólogos e afins, para estancar os desafios sociais?
A esta altura, outros problemas estão aí, incipientes, num crescendo asssustador. Será que virarão outros casos de polícia, em lugar de ser uma questão de política preventiva e sábia? Ninguém espera milagres, mas que pelo menos as situações não alcancem o ponto de não poderem mais ser administradas. Assim ocorre com os Sem-terra, com a cracolândia, com os Sem-teto e outros Sem-nada.
Muito me admiro de a Oposição, tão necessária, hoje se portar de forma tão omissa. Como se tudo estivesse às mil maravilhas na tão festejada Sexta Economia do Mundo.
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