A tecnologia, em espiral de crescimento astronômico, fez com a robótica a criação de soldados atiradores, que sobem e descem escadas. Foi, e já se faz um tempo, a última novidade na experiência das forças de ocupação no Iraque e uma evidência de que as profissões humanas cada vez mais cedem o lugar para a automação galopante.
A globalização preconiza, entre os seus cânones sagrados, o enxugamento de pessoal. A própria legislação federal no Brasil, a exemplo de outros países, passou a estabelecer limites nos percentuais das folhas de pagamento dos estados e municípios.
Não há como fugir deste nosso momento histórico . Em absoluto, de nada adianta o “urrus esperniandis”. Nem há o que optar entre governos de direita, de centro ou de esquerda. A realidade é essa com a qual se tem forçosamente de conviver. Mesmo em meio à evidência da corrosão dos salários, os próprios sindicatos nada podem fazer por aumentos, ainda que justos aos seus sindicalizados. O lema – correto – é manter o emprego.
O aspecto mais inquietante dessa conjuntura madrasta e iníqua, é o fato de não apresentar, nem mesmo aos mais otimistas, uma réstia de esperança de que tal quadro assustador possa se reverter, ou diminuir seus impactos.
Quando adveio a Revolução Industrial, no século XVIII na Inglaterra, as mudanças foram radicais. Como tudo que começa, iniciou-se a era da indústria eivada de injustiças sociais. Foi preciso que muita água passasse por debaixo da ponte para que viesse, aos poucos, a divisão do trabalho e maior atenção às reivindicações do operariado. Demorou muito para que governos e patrões ajustassem ao mínimo tolerável a situação dos trabalhadores.
Não existe capitalismo sem consumo
Fundamentalmente, o capitalismo tem dois pontos básicos de sustentação : a Produção e o Consumo. Ainda que os robôs possam fazer de tudo, de forma assombrosamente perfeita e em grande escala, não são dotados de uma faculdade indelegável do ser humano: : o consumo. De que adiantará os robôs, com toda a presunção da tecnologia, aumentar os bens se não houver a quem vendê-los?
Uma luz no fim do túnel
Para ao menos remediar esta condição incômoda, que é fatal à economia do capitalismo nacional e internacional – hoje sem concorrência – aí está o salário-desemprego, o Bolsa-Família, englobando diversos itens; os programas de geração de renda para ocupação de trabalhadores em nível quase informal. A tendência atual sinaliza que os robôs façam a sua parte – que desempenham muitíssimo bem – e a sociedade possa voltar-se (na melhor das hipóteses) à ocupação com a arte, a filosofia, a ciência, a cultura e outras atividades do pensamento como magistralmente explanou em seu livro O ócio criativo – o douto antropólogo italiano Domenico de Masi . Vale a pena conferir esta obra para se confirmar que há males, por piores que sejam, que sempre vêm para o bem.
· O autor é escritor e jornalista.
Especial para jornal O ESTADO DO MARANHÃO -
0 comentários:
Postar um comentário
Comentários sempre serão bem-vindos!
Para assinar sua mensagem, escolha a opção "Comentar como -Nome/URL-" bastando deixar o campo URL vazio caso você não tenha um endereço na internet. Forte abraço!