Primeiramente, temos a observar que solidão não é um bicho de sete cabeças, nem o fim do mundo. Esta condição geralmente assusta mais os que a veem de fora do que as pessoas que a sentem por dentro.
Meu amigo, poeta, escritor e publicitário Otávio Bueno da Fonseca, de Piraju, de quem ora prefacio o seu livro de três andares de temas: Maravalhas - escreveu um texto que corta fundo essa palavra, no espírito e na própria carne.
Voluntariamente refugiado em sua fazenda nas proximidades de Jurumirim, obviamente plugado com a família através dos meios de comunicação que tem à mão, Otávio bebe a solidão e se embriaga de poesia.
Toda poesia, ou a maior parte delas, espelha um estado de espírito, dentro de um tempo e espaço determinado. A literatura, nem ela, consegue subtrair-se à dinâmica do Universo, cuja comparação que mais me agrada é com uma dança supostamente interminável.
Mas, sem delongas, vamos ao que ele escreveu sobre a solidão (dele, no caso),não talvez pelas mesmas palavras por ele usadas, mas são muito originais e profundas:
"O silêncio da minha solidão
é tão intenso,
que chego a escutar o crescer da minha barba
e até esse ruído se me faz imenso".
Após esta nota poética em oitava tão alta, fica difícil continuar o tom da música do meu texto. Mas vou tentar esta façanha, como um desafio amistoso, em atenção aos meus leitores a quem tanto prezo e respeito.
A solidão ao ser humano é tão necessária quanto o sono. Porque no silêncio, só nele, é que as coisas falam e se nos fazem entender a vida sem discurso nem opiniões do mundo. Mas devemos ficar atentos a essa condição, pela verdade óbvia de que todo excesso é prejudicial.
Na verdade, a solidão é um remédio inodoro, insípido e incolor. Oh que comparação feliz. A quem se atribui, em condições normais, essas qualidades : à água, você adivinhou facilmente. Mas há uma ressalva importante a ser observada.
Remédio não é alimento. E todo medicamento excessivo eclode em consequências até difíceis de serem avaliadas pelos maiores especialistas. O alimento da vida de qualquer ser humano, é a convivência. Este, sim, deve ser fartamente usufruído, em toda a sua plenitude.
Solidão é um medicamento milagroso quando usado na dose certa e no contexto do que a pessoa vive com as demais. Pode até trazer o sabor de uma saudade, mas não é natural a ingestão desse remédio de forma permanente, invariável e teimosa. Estar solitário é como caminhar no deserto. É até agradável, tão somente pela expectativa do próximo oásis.
Parabéns Mano Gê, maravilhaaaa!!!
ResponderExcluirGistei muito.......e recomendo!!!
Abs;
Ramiro Vióla.
Botucatu - SP.
Obrigado, Mano Ramiro. Sua recomendação é na verdade um forte ingrediente de que estamos ferindo temas de interesse do público.
ExcluirGrande abraço, Geraldo Generoso
Nunca imaginei algo assim, em especial por comparar a solidão com a não solidão: "(…) a água, você adivinhou facilmente. Mas há uma ressalva impotante a ser observada." Geraldo, seu comentário deve ser incluído nesse livro!
ResponderExcluirLegal, irmão Jairo, vindo de você só me cumpre acatar. Grande e fraterno abraço a você e esposa.
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