FALTA DE SAÚDE NO BRASIL

      Há algum tempo, li entrevista de um mega-empresário do ramo de Plano de Saúde. Os convênios, ao chegarem ao Brasil, como empreendimentos logo se agigantaram. E o povo, mesmo os do andar de cima, aqueles mais aquinhoados, acreditam em milagres, Papai Noel e  Coelhinho da Páscoa que, incrivelmente, não sendo ave bota ovos. E melhor que os ovos da galinha, pois são de chocolate.

    Antes de criticar o estado de saúde, por sinal, preocupante do País, havemos de estabelecer, como raciocínio fundamental, ser realmente muito complexa essa questão. Não podemos nos arvorar em simplismos de raciocínio, pois se trata, em muitos casos, de situação de vida ou morte.

   Bem ou mal, o SUDS tem feito a sua parte. Ainda que surrealista em termos de remuneração de profissionais, é um projeto amplo. Atende 75% da população. Mais ou menos coincidindo com as classes mais desprovidas de recursos, incursas em faixas salariais mais modestas, e que, infelizmente, se constitui na maioria dos brasileiros e suas famílias.

   O SUDS é um programa estatal gigantesco, cuja conta o povo paga com impostos, e pobre sempre paga mais impostos, mas a remuneração do pessoal da saúde não está entre as mais justas. O pagamento aos hospitais é irrisório. É preciso fazer mágicas, mas nem sempre o coelho sai da cartola para completar as carências de medicamentos, serviços de laboratório, internações etc. etc.
 
  É um problema que se empurra com a barriga. E quer me parecer que essas deficiências, por falta de recursos, já se tornou aceitável, tida como mal crônico. Pior, talvez, pois a toar com a palavra remédio, vai se remediando a questão da saúde de forma cada vez mais precária.

  Contando-me entre os mais antigos, nos tempos áureos do café como commoditie soberana, nas regiões do interior eram constantes as doações de fazendeiros. E até havia uma emulação de quem daria mais para a Santa Casa. Melhor para os doentes. Melhor para as cidades.

  Verdade seja dita que os avanços da medicina, mormente em termos de vacinação, o governo tem cumprido com sua parte. Obviamente, pelas diversidades regionais, é compreensível que ainda existam áreas críticas. Embora o Sudeste conte com mais recursos, há também mais pacientes a se atender. Há, obviamente, mais médicos, porque a renda per capita motiva a montagem de consultórios e clínicas particulares.

  Os Planos de Saúde, voltando àquela tecla inicial, sugeriu à classe média um "ovo de Colombo" em termos de poder se tratar, fazer "n" exames a um custo mais adequado à sua renda, pois saúde particular custa muito caro no Brasil. Aliás, em qualquer lugar do mundo, pois envolve pesquisas, estudos atualizados, avanços na ciência médica e correlatas etc.

 A princípio, os Planos de Saúde até gozaram da propaganda mais eficaz que se conhece: "o boca a boca". Parentes e amigos sugeriam a amigos e parentes que seria uma loucura não inscrever-se num convênio. Não raro, uma enfermidade pode levar à ruína financeira, tais os custos envolvidos, afirmava-se.

  Não demorou muito e os convênios, sujeitos às leis de mercado (como não poderia deixar de ser), começaram a emagrecer suas propostas. A restringir atendimento a determinados pacientes portadores de determinadas doenças. Mas ainda se tratava de um bom negócio, pois bem ou mal se podia consultar à vontade.

  De repente, o mercado em sua objetividade, da parte das empresas de convênio médico, passaram também a reduzir o valor do pagamento por consulta, hoje chegando a R$60,00. Claro que a coisa já começou a se complicar: médicos passaram a reduzir a quantidade de pacientes atendidos, resultando em esperas intermináveis. De até 3 a 4 meses, dependendo da especialidade.

  Como se não bastasse, assim que possível, os ditos especialistas o mais que fizeram e fazem é montar seus consultórios particulares.  Os preços de consultas particulares, fatalmente são maiores e ao alcance de menor número de pessoas.

 Hoje, segundo a Agência Nacional de Saúde, num país com 201 milhões de habitantes, constata que o número de clientes atendidos pelos de saúde monta a 50,5 milhões, e as reclamações se sucedem. O marketing, a propaganda gratuita e eficiente do "boca a boca" hoje se virou contra os planos de saúde, pois milagres em saúde só iremos encontrar nas histórias bíblicas.

   Continua no próximo bloco, pois é um assunto que desafia soluções, mas como todo problema, certamente, mercê de seriedade e boa vontade, com eficiência de gestão e um enfoque multidisciplinar sobre item da mais alta relevância, pode se administrar com melhores resultados.

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