DANÇAS NO CREPÚSCULO



A Mitologia Indiana recorreu a  metáforas que fielmente comparam
 a vida com imagens sugestivas, encaixadas até mesmo sob a ótica científica.  Fala-se que o Universo dança, e é uma expressão muito mais feliz do que dizer simplesmente que ele se move. Sim, afirmar que ele é dinâmico é cientificamente correto, mas dizer que ele Dança é uma forma de ciência poética não menos verdadeira.  

Daí a necessidade que cada um de nós deve manter bem acurados os ouvidos para ouvir essa música, sob cujo toque devemos mover o corpo e alma, enquanto na trajetória terrena e na celeste por vir. Não é estranho às pessoas familiarizadas com a magia do universo, ter ouvido falar sobre a Música das Esferas.
No momento em eu escrevo estas linhas, chegado da rua observando o movimento da cidade neste domingo, a fim de espalmar um tema, eis que me deparo com Casais de Terceira Idade, saindo do Ipauçu-Clube com a consciência do dever cumprido: dançar. Dançar e descontrair, em sintonia com o movimento incessante da Terra e de tudo o que existe.

Freud falou, e outros estudiosos também disseram muito sobre Eros. E todos são concordes em dizer que  Eros é apetite pela vida, nela se centrando a vida sexual como eixo. E, de outro lado, o instinto de morte responde pelo nome de Tânatus, que se opõe a Eros, apetitoso pela vida.

            Ao levar em conta a atitude destas pessoas, após as danças de Terceira Idade saírem de mãos enlaçadas pela cidade, nos leva a ver com outros olhos a própria vida, que necessariamente não precisa ser estática, morta antes de morrer, seja a pretexto de idade ou de outros complexos.
           O Amor não tem nada para se envergonhar de seu exercício pleno. A juventude não pode e nem quer dispor de monopólio sobre amar ou qualquer outro item existencial, principal ou assessório na trajetória da vida.
       Esses casais que passam entretidos, embebidos no forte conteúdo de canções muito fortes – sertanejas e românticas, passam felizes, com o coração preenchido dentro do peito. Dão-se a cumprimentar a todos os que encontram, numa forma um pouco diferente de dizer o óbvio: que cada um dá à vida o fim que bem o desejar.


     Parabéns a essa gente. Geralmente reunida em grupo de pessoas do povo, desse povo que sabe das coisas e não desistiram de continuar aprendendo a verdadeira arte de ser feliz.  A dança não pode parar. 
     Os rastros dos que dançam são poemas que ficarão no coração de todos, sacudindo sentimentos negativos inevitáveis e sempre em comunhão com a Infinita Dança Cósmica do Universo.

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